terça-feira, 25 de outubro de 2011

Passagens Compradas


        Existia um trem, forte, veloz, que passava a todo gás por várias cidades sem a menor dificuldade. Por uma mudança de rota inesperada de apenas um dia, teve que ir até uma estação nova, a qual acabou o tirando dos trilhos completamente desde então.
      O início sempre é conturbado até que tudo se encaixe. E quando não chega a se encaixar? As inúmeras tentativas falidas de agradar, me aproximar, de te conquistar. Queria tanto que entendesse que me atrapalho todo, trocando os pés pelas mãos, porque me afogo na ansiedade de acertar seu coração.
E você apareceu novamente, com o sorriso mais cativante que alguém pode ter, daqueles típicos de quem viu a pessoa que faz o coração bater mais forte. Bem que podia ser pra mim. Mas só cumprimentou de longe e continuou andando até o que realmente te atraia. Chega! Eu não quero mais! .... Mentira! O que eu mais quero é ter você novamente em meus braços, te mostrar que pode sim valer a pena, ser maravilhoso e sem cobranças ou planos.
     Aquele casaco eu nunca mais usei ou lavei. É ele que abraço forte nos dias mais difíceis por ainda exalar o seu perfume, que acalma o desejo insistente de você. Posso te confessar uma insanidade particular? Inspirado em nossas conversas acabei comprando um presente, mas ainda não tive coragem de entregar. Nem sei se terei, sinceramente. Sei que mergulhei de cabeça, sem me importar com nada nem ninguém e, a única certeza que tenho, é que faria tudo de novo. E de novo e de novo e quantas vezes fossem permitidas.
Hoje me deu uma vontade violenta de te ligar. Apenas pra dizer que estava com saudades e... Talvez convidar pra sair, passear em qualquer lugar, sem pretensão alguma. Rir, sentar na grama comendo “dentaduras”, falar besteiras e só.
      Estou exausto de me colocar em outros braços e ainda sim sentir o gosto do seu beijo. De tentar seguir e só ver você, nos pensamentos, nos sonhos, imaginando como poderia ter sido diferente. Podia dar uma chance a quem faria de tudo só pra te ver sorrir. Ok, uma segunda chance, que seja. Eu juro que vou me comportar e não deixar minha ansiedade estragar tudo outra vez. Vem, me deixa tentar ao menos, sem se preocupar com o amanhã. Permita-me tentar uma última vez. Andar pelos trilhos levando você, sentindo sua respiração junto a minha, correr o mais rápido que puder, sentindo o vento que passa suavemente entre nossos lábios e fazer tudo que a gente quiser. Caso o passeio não seja o que esperava, – mesmo a contragosto – prometo te deixar na próxima estação e ir embora, sem olhar pra trás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário