segunda-feira, 10 de março de 2014

Volumes do silêncio


"Como a abelha trabalha na escuridão, o pensamento trabalha no silêncio e a virtude no segredo."
Mark Twain

O silêncio me acompanha, pulsando e me envolvendo de dentro pra fora. Quanto maior o silêncio, maior o barulho aqui dentro. Quanto maior o barulho, mais ele escorre pelos olhos. Dependendo do volume, o silêncio te aperta a ponto de te deixar sem ar. Algo se move nos corredores da minha alma. Não é sempre, mas quando resolve bagunçar tudo acaba me trazendo tudo que já havia colocado no seu devido lugar. Me bagunça, me tira o foco, como se naquele minuto eu fosse para outro mundo, da onde não quero sair. O problema é não poder ficar lá, de verdade. Às vezes me pego correndo, com passos longos e pesados, tentando chegar nesse lugar, mas encontro os degraus vazios, silêncio e pessoas que nunca vi. O verde já está desbotado e o vento frio, nem os passarinhos cantam tanto. A água continua caindo como um calmante direto na veia. O sorriso da imagem me faz sorrir também. E vou continuar sorrindo, a cada esquina, a cada dia, a cada lembrança, a cada reencontro − mesmo, às vezes, acordando no meio dele.