quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Antes da Última Melodia


  As músicas nos acompanham mesmo antes de nos tornarmos 'nós'. A música que me lembrava você e eu sorria reconhecendo que estava nascendo em mim uma vontade de você. A música dos momentos de tensão só por estar ao seu lado. A música engraçada que relatava minha paixão platônica adolescente. A que tocou a primeira vez que nossos olhares se cruzaram por mais de cinco segundos, parecendo que as borboletas do meu estômago estavam em um carnaval. Tem aquela que você tanto gosta e que, inevitavelmente,  sempre vai lembrar você. A que tocava enquanto eu, intensamente, te amava. A que você me mandou num dia qualquer e aquela depois da nossa discussão. A que me fez chorar de saudades. A que sempre rimos quando toca. A que sempre causa um clima tenso. A música que, não basta sabermos a coreografia, temos que dançar − estejamos onde estiver. Aquela que eu odiei e odeio até hoje por ciúmes. A que te marcou no passado, que sempre comenta com um sorriso lindo. A que me faz refletir sobre nós. Aquela que, não sei por que até hoje, mas me lembra você. Aquela que te descreve melhor que você nas suas autodefinições confusas e um tanto fora da realidade. A que cantamos sempre que um dos dois está triste. Não poderia esquecer da que cantei pra você, mesmo desafinada porém ao vivo, naquele show onde o vocalista me puxou para o palco. A que cantamos naquele final de semana abraçados olhando o mar. E pode parecer loucura mas sim, já tenho guardada a que cantarei sozinha no meu quarto depois que você for embora.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Bom dia!


"Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam 
a quem sonha só de noite."
Edgar Allan Poe

Eu deveria estar fazendo tantas outras coisas, mas não. Estou aqui, entre os nós dos meus pensamentos novamente. Revivendo momentos, imaginando outros. Sinto você, seus olhos misteriosos, suas mãos. Sinto sua respiração seguida do seu suspiro carregado de incógnitas. Meus dedos que deslizam lentamente em seus cabelos − que acabo puxando levemente como reflexo da minha sede de você. Minha mão que, quase sem encostar, passeia acariciando sua pele. Meu lábios e meus dentes disputam o sabor do seu pescoço. Alguns segundos de silêncio quando minha boca pára na frente da sua. Mas que logo te faz desistir das armaduras e se entrega com a mesma adrenalina de alguém que se joga do último andar. E ali resolvemos todas as nossas diferenças, esquecemos tudo que nos separa e nossos corpos confessam um ao outro o que calamos quando nos cruzamos na rua. Observo cada detalhe do teu rosto enquanto adormece nos meus braços com o suave sorriso mais bonito que já vi.
Num impacto o despertador quebra tudo. Sento na cama e fico estática por alguns segundos tentando me localizar. Lembro de tudo que (re)vivi e inevitavelmente sorrio. Levanto disposta, cantando, pois o dia já começou feliz. Acordei em ótima companhia. Bom dia!