As músicas nos acompanham mesmo antes de nos
tornarmos 'nós'. A música que me lembrava você e eu sorria reconhecendo que
estava nascendo em mim uma vontade de você. A música dos momentos de tensão só
por estar ao seu lado. A música engraçada que relatava minha paixão platônica
adolescente. A que tocou a primeira vez que nossos olhares se cruzaram por mais
de cinco segundos, parecendo que as borboletas do meu estômago estavam em um
carnaval. Tem aquela que você tanto gosta e que, inevitavelmente, sempre vai lembrar você. A que tocava enquanto
eu, intensamente, te amava. A que você me mandou num dia qualquer e aquela depois da nossa
discussão. A que me fez chorar de saudades. A que sempre rimos quando toca. A
que sempre causa um clima tenso. A música que, não basta sabermos a coreografia,
temos que dançar − estejamos onde estiver. Aquela que eu odiei e odeio até hoje
por ciúmes. A que te marcou no passado, que sempre comenta com um sorriso
lindo. A que me faz refletir sobre nós. Aquela que, não sei por que até hoje,
mas me lembra você. Aquela que te descreve melhor que você nas suas
autodefinições confusas e um tanto fora da realidade. A que cantamos sempre que
um dos dois está triste. Não poderia esquecer da que cantei pra você, mesmo
desafinada porém ao vivo, naquele show onde o vocalista me puxou para o palco.
A que cantamos naquele final de semana abraçados olhando o mar. E pode parecer
loucura mas sim, já tenho guardada a que cantarei sozinha no meu quarto depois
que você for embora.
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Bom dia!
"Quem sonha de dia
tem consciência de muitas coisas que escapam
a quem sonha
só de noite."
Edgar Allan
Poe
Eu deveria estar fazendo tantas outras coisas, mas
não. Estou aqui, entre os nós dos meus pensamentos novamente. Revivendo
momentos, imaginando outros. Sinto você, seus olhos misteriosos, suas mãos. Sinto
sua respiração seguida do seu suspiro carregado de incógnitas. Meus dedos que
deslizam lentamente em seus cabelos − que acabo puxando levemente como reflexo
da minha sede de você. Minha mão que, quase sem encostar, passeia acariciando
sua pele. Meu lábios e meus dentes disputam o sabor do seu pescoço. Alguns
segundos de silêncio quando minha boca pára na frente da sua. Mas que logo te
faz desistir das armaduras e se entrega com a mesma adrenalina de alguém que se
joga do último andar. E ali resolvemos todas as nossas diferenças, esquecemos
tudo que nos separa e nossos corpos confessam um ao outro o que calamos quando
nos cruzamos na rua. Observo cada detalhe do teu rosto enquanto adormece nos
meus braços com o suave sorriso mais bonito que já vi.
Num impacto o despertador quebra tudo. Sento na
cama e fico estática por alguns segundos tentando me localizar. Lembro de tudo
que (re)vivi e inevitavelmente sorrio. Levanto disposta, cantando, pois o dia
já começou feliz. Acordei em ótima companhia. Bom dia!
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