segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Atalhos pra sair de mim [ Série "Títulos" ]


Pessoas desconhecidas, músicas repetitivas, cigarro, bebidas e algo que eu não sei. Uma noite nada agradável, sem objetivo algum. “Um pouco de Beatles, por favor”, pedi ao homem e seu violão, na tentativa de fazer a vodka descer mais suave. Nada mudou. Continuava limitado a saudade. O garçom, que me olhava preocupado pelo tanto de bebida que já tinha me servido, passou ao lado da mesa e eu o parei. “Pode me ver uma paixão com duas pedras de gelo?”. Ele riu e saiu.

Posso estar errado, mas talvez o nada possa ser um (re)começo. É que eu ainda acredito nisso, ou pelo menos eu tentoSer, Acreditar e Existir. Já é o bastante...
E eu fico aqui, só esperando que passe... Mas nada muda. Você se foi e Eu parei. Parei no tempo, totalmente. E o que sobrou não foi nem a metade... Depois o que resta é a solidão com pedaços de cetim. Sem final feliz, muito menos um Era uma vez. Memórias apenas. E assim o pequeno príncipe deixou de existir... só pensava em ir pra qualquer lugar. E foi até a Terra do Nunca com passagem só de ida, a princípio. Desejava esquecer, assim como foi esquecido. Deve ser um pouco insanidade também, mas sonhei com a cigana que cruzamos naquela noite que nos conhecemos... e ela falou das mudanças entre estações, entre a lua e o sol e claro,  sobre você. Em uma noite um tanto quanto inusitada, Você e Ela, Eu e Você, depois só nós. Mas ela não me deu a resposta que eu queria, que eu tanto precisava para seguir em frente. E agora sou eu, a procura de um outro eu, em mim mesmo. Passo noites escrevendo com todo meu amor, tudo que foi sobre você. Palavras esquecidas e outras encontradas. Definitivamente tudo que eu não disse. Não porque não quis, obviamente. E tudo isso pra quê? Pra mim? Não, não era eu quem precisava saber todas essas coisa. Pra você! Como tudo que faço, penso, desejo,... vivo!
 O tempo parece não me ajudar em nada. Ele só tem servido pra me trazer você. E junto com você o vazio... seu sorriso, minha saudade e um pouco de nós... Um “nós” sem convicção alguma, que talvez só existisse pra mim. Sinto falta de poder te ver despertar com aquele sorriso contagiante. E logo após o “bom dia” mais amável correr e voltar para a cama com o pote de jujubas vermelhas, as quais nunca deixei faltar. Pensando bem, não me lembro de ter deixado faltar nada, nunca. Até um certo dia... o dia que deixei faltar amor próprio, deixei de me cuidar, deixei de viver a minha vida para viver a sua. Já são duas da manhã e você ainda não voltou. O telefone toca. Ainda bem, já estava preocupado. Atendi com um “alô” aliviado, mas... você não falava nada. Só ouvia sussurros, gemidos e sons que detalhavam uma noite... da qual eu não precisava saber, se meu número não tivesse sido o último que telefonou. Por mais que tentasse, não conseguia dormir. Em minha mente passavam imagens que completavam aqueles sons. Era o que precisava pra finalmente tomar uma atitude. Um tempo para o fim. E dessa vez, sem atalhos. Não valia mais a pena sofrer tanto pra ter você por alguns momentos ou noites. Por mais amor que eu sinta, entre perder você e me perder, fico com a primeira opção. Apenas até você chegar e me tomar em seus braços, me fazendo ceder novamente. Não! Não consigo mais, não posso mais me enganar. É só mais uma falsa verdade que você usa para me usar. Antes era assim. Agora o que ficou foi apenas um bilhete em cima da cama arrumada: “Até mais, por aí... na vida”. E fim... nem acredito eu coloquei esse “fim”. Sempre achei – e tive medo – que você o faria. Agora entendo o real sentido de você me chamar de “meu bem”. Era exatamente isso que eu era, que sempre fui. A partir de hoje deixarei de ser um mero objeto da sua estante, o qual você utiliza quando lhe convém. Você e seu ego, provavelmente, irão fazer uma exposição – com o nome “cartas de um suicida” – com tudo que lhe escrevi em cada crise de desespero de te perder. Hoje vivo de um outro lado, mais calmo, mais seguro, mais maduro. Acho que você nem me reconheceria. Tão oposto como o Norte e o Sul quem sabe? Confesso que o fato de não ter ligado, me procurado, nem para saber o que aconteceu me deu forças para eu não voltar atrás. ... Agora sou mais eu, mais objetivo e confiante. Estou tão complexo, tão cheio de mistérios para quem olha de fora. Para quem era tão frágil e transparente, hoje, a única coisa que meus olhos dizem é “decifra-me”. Privilégio que não dou a qualquer um... Pelo menos não mais que uma noite ou duas.

Criado carinhosamente a partir dos títulos de Lucas Ribas
http://lucaasribas.blogspot.com/

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