Mas cá entre nós, quem nunca contou as quedas? Tropeços que alertam, quedas que ensinam, paixões que alimentam, amores que matam. Embora fugisse não poderia mais me segurar em nada, estava caindo em tentação pelo verbo descobrir. Sim, descobri pelo amor e também pelo desespero por ser barrada pelo espaço que me impede de cuidar de você quando te vejo como uma criança no escuro...
e me vem o desejo súbito de te deitar no meu colo enquanto perco meus
dedos no seu cabelo... assim, sem esperar nada em troca. Sério!
Lembranças da noite que finalmente aceitou tudo aquilo, vestiu a roupa
nova que ainda levava a etiqueta na gola e usou aquele batom vermelho-cereja que ganhou no natal passado. Voltou pra casa estranhamente leve como uma caixa cheia, recheada de sensações e confusões que se misturavam e esbarravam no autoconhecimento. Nesse mesmo dia, com a alma letárgica,
eu tive a impressão que não ficaria triste se teus lábios nunca
viessem a tocar os meus. Porque não quero ser mais uma boca de mais uma
noite de adrenalina passageira e alegria embriagada, da qual você
provavelmente não se recordará muito bem. E mesmo que muitas vezes eu
beba na esperança de que os pensamentos confusos se organizem, eu não
gosto (nunca gostei). Eu quero sim – não tenho mais como negar o encanto que exerce sobre mim
–, mas com a condição de se lembrar de cada minuto, cada carinho, cada
palavra, cada olhar. Mesmo que tudo isso não volte a acontecer. Mesmo
que nunca venha a acontecer. De qualquer forma sempre estarei por
perto, o quanto você permitir, ali, pronta. Conte... I, II, III,...
quando estiver pensando em começar eu já estarei tocando a campainha
com um chocolate quentinho e uma rosa vermelha que perdeu algumas
pétalas no caminho pela minha pressa de chegar.
Tantos anos num estado congelado
que agora parece que não sei mais lidar com isso. O comodismo se
junta com os receios que me acorrentam ao chão. Manter-se sempre na zona de conforto podem custar ausências e perdas irreparáveis. Pode – e vai – tornar a fantasia calada em desejo sufocado e, consequentemente, o amor em simples lápide, com anotações de um tempo conturbado de uma série de desesperos lúcidos e vestígios que adormecem. Então já será tarde outra vez. Os sons vão ficando mais distantes e o blackout é inevitável, quase induzido.
Ligo a TV e tento viajar nela para esquecer o constante conflito
dentro de mim, estampado no meu rosto e que o espelho insiste em me
jogar na cara. Não sei quem estava cantando, mas com certeza ela não era uma rock-star.
O que importa? Podia ser minha cantora preferida, a saudade ia
continuar engasgada, os olhos marejados e levemente fechados pra (só
assim) encontrar você.
O fato é que nem sempre dá pé.
E aí, mesmo não tendo absolutamente nada para te dar impulso, é hora
de usar toda sua força para subir. Inspirar, se segurar em sua essência
e subir. Foi então que percebi que outro alguém assistia tudo de
longe. Talvez já estivesse ali a um tempo e nem tinha me dado conta.
Aproximando-se com um sorriso trazia algo nas mãos, que gracinha. O que se quer nem sempre é o que se precisa. Quem sabe um novo embrulho e uma rosa bastariam.
Pelo menos naquele momento. Mas no minuto seguinte, lá no fundo, por
mais que ignore, ainda se se ouve um grito lá de dentro – num tom
ensurdecedor – “procura-se por intensidade”... pela sua intensidade!
Criado carinhosamente a partir dos títulos (e algumas expressões) de Ana Paula Prestes
http://coracaodegas.blogspot.com
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