lou.cu.ra sf. 1 Estado
de quem é louco. 2 Desarranjo mental que, sem a pessoa
afetada estar ciente do seu estado, lhe modifica profundamente o comportamento
e torna-a irresponsável; demência; psicose. 3 Insensatez. 4 Aventura
insensata.
Sou aquela que perdeu a razão e só
comete desatinos. Não é mais só esquecer o que foi fazer naquele cômodo nem o
branco que dá quando vai falar o nome de alguém. Não é mais não lembrar o que
fez ontem ou esquecer um compromisso importante mais de uma ou duas vezes. Não
é mais assistir uma aula e não absorver nada dela, muito menos se perder no
tempo e ter que sair correndo. Dormir o dia todo e se dar conta que não deu
comida ao cachorro é a mais leve das falhas. Podia passar o resto do ano indo
da minha cama para o banheiro e vice-versa.
Eu falo da loucura camuflada, daquela
que ninguém suspeita, ninguém vê, de ter um mundo só meu, onde eu penso coisas
absurdas e tenho sensações e atitudes que não aprovo, mas faço. E depois me
arrependo, me culpo, me odeio. Sentir? Isso foi ficando cada vez mais escasso.
Hoje sou capaz de assistir um assassinato brutal sem expressar nenhuma reação. Te
assustei? Eu também. Isso vem me assustando há muito tempo. Vem me prejudicando
seriamente há muito tempo em todos os sentidos e área da vida. Venho perdendo
não só a razão, como também a paz, paciência, sonhos, desejos, as pessoas,
sentimentos – principalmente os bons. Perdoem-me os que já fiz chorar e os que
ainda vou fazer até me consertar. Estou em um limbo onde não quero trazer
ninguém. Eu estou fora de mim, estou no automático, existindo, assistindo eu
mesma destruir a minha vida e as pessoas que ainda sentem algo bom por mim. Estou
perdida, buscando desesperadamente a cura antes que eu machuque mais ou mais
alguém. Não vou desistir, agora tenho esperança de sair do coma que me
encontro, pois chutei o comodismo, procurei ajuda e finalmente encontrei.
E meu único desejo, ainda que racional, é que eu consiga me curar a tempo de não perder a única coisa – e
a mais importante – que tenho: um amor verdadeiro.
"... Que
a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu
grito, mas a outra metade é silêncio...
(...)
Que a mulher que eu amo seja pra sempre
amada mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade...
(...)
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na
paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro seja
um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um
vulcão... (...)
E que o convívio
comigo mesmo se torne ao menos suportável;
Porque metade de mim é
a lembrança do que fui, a outra
metade eu não sei... (...)
Que a
arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba.
E que
ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
E que a
minha loucura seja perdoada porque
metade de mim é amor
e a outra metade... também."
Oswaldo
Montenegro
*Sim, repeti a citação!