terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Parque das ilusões


É como uma montanha russa que acelera o coração mesmo antes de começar a se mover. Uma hora alegria, ansiedade, outra, medo. Quando chega ao topo e vê o tanto que subiu, tudo que deixou lá embaixo e que, a qualquer momento, pode ser arremessado para lá novamente e pior, em alta velocidade. Eu estou com medo, quero descer. Mas não tem como pular daqui da onde estou, resta apenas esperar. Assim que parar poderei sair correndo, eu e meu trauma de ser lançada da felicidade quando se menos espera. Pensei que nessa fase não teria mais esses receios, mas parece que eles estão maiores do que nunca. Eu já fui mais corajosa, eu sei. Mas eu quero, eu preciso me afastar um pouco pra me lembrar de que não posso me acostumar assim com o “tão bom”. Minha memória me traz, pelos cinco sentidos, a dor do desacostumar. E é uma dor violentamente cruel, acredite. Uma semana em outra cidade já resolveria. Eu preciso desse tempo pra conseguir voltar a respirar normalmente, pra desfazer o nó na garganta que fica cada vez que escuto sobre as hipóteses do fim. E todas essas ‘vezes’ é como se seu coração parasse bruscamente, como se estivesse no elevador que cai a 90km/h, necessitando de alguns minutos de silêncio pra estabilizar. Eu havia prometido nunca mais entrar em parque algum, já tenho meus medos, traumas e receios, já sofro por antecipação sozinha. Felizmente ou não, a vida me tornou realista, independente dos meus supostos sonhos. Eu não sou criança, não sou iludida e sei – da pior maneira possível – que nada é pra sempre, não preciso que me lembrem disso o tempo todo! Quem consegue ficar confortável com alertas constantes de que o parque uma hora vai fechar com você dentro? Então que feche de uma vez, não?! Assim não existirão cenas de crianças saindo chorando porque é preciso ir embora, perdeu seu balão, ou não ganhou o prêmio que havia desejado desde a hora que entrou. Poderia ter uma barraca que aceitasse doações de corações pra dar de brinde para alguém que queira ou mereça, nem que seja por ter derrubado todas as latinhas. Outra característica do parque, principalmente quando se está dentro, não importa se é raso ou intenso, como em um carrinho bate-bate, você sempre acaba esbarrando em alguém. E, à vezes, é preciso aprender a desviar para não machucar a si mesmo nem a ninguém. Porque assim como a roda gigante e o carrossel, independente de quanto você rode, pode – e vai – acabar passando pelo menos lugar e a situação ser outra, pra não dizer inversa. E você, provavelmente, não será mais quem está em cima do cavalo e sim, o cavalo.

Não importa seus medos, seu brinquedo favorito ou se deu tempo de experimentar todos eles, quando as luzes se apagam, não adianta ficar no portão, simplesmente acabou. Luzes apagadas, parque fechado, é triste, claro que é. Porém, também não cria expectativas, ilusões, nem alimenta sonhos para serem destruídos. Parques são assim mesmo, ficam o tempo necessário depois vão para outras cidades, divertir outras pessoas. E logo vem outro, vai embora e assim vai. Não há nada que se possa fazer pra mudar este ciclo. A melhor alternativa é fazer valer a pena, cada minuto, sem pensar na hora de sair – mesmo sabendo que essa hora chegará. Apenas seja o melhor parque de diversões que alguém possa estar e assim, verá o quão gigante pode ser a sua própria felicidade.

No meio do caminho, inesperadamente, encontrou um parque? E por algum motivo acabou comprando o ingresso, certo? Tudo bem, entrar e permanecer nele são escolhas. E os brindes, em cada brinquedo e barraca que passar, são as consequências. Seja bem vindo ao Parque das Ilusões!

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