"Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música."
(Aldous Huxley)
(Aldous Huxley)
Eu estou anestesiada de uma forma diferente hoje. De uma
forma que não ficava há pelo menos 8 anos. Dormi quase me afogando em lágrimas
que pareciam ácidas de tanto que doíam ao cair pelo rosto. Horas se passam na
madrugada, mudo a posição, então resolvi rezar pra conseguir dormir, não aguentava
mais estar acordada. Não lembro nem a hora aproximada que consegui finalmente
adormecer e, pra minha tristeza, acordei – e cedo. Foi um dia silencioso. Passei
a maior parte dele na varanda, enrolada no meu silêncio. O nó na garganta me
impediu de comer todas as vezes que tentei. Já são 10 horas da noite e ainda não
senti fome pra ter uma desculpa pra forçar ingerir algo novamente. Desisti da comida.
Agora só espero ansiosamente a hora de voltar a dormir. Mas não queria que
avançasse os dias no calendário. Tem como? Igual naquele filme que você dorme, acorda
e é sempre o mesmo dia. Vive sempre as mesmas coisas, vê sempre as mesmas
pessoas. Chato? Talvez. Mas não será surpreendido, saberá o que vai acontecer,
o que vai sentir... Às vezes é isso que parece faltar, parar de pensar cada dia
uma coisa, sentimentos que oscilam incansavelmente, decisões que não se decidem
nunca. Se bem que mesmo na vida real tem coisas que se repetem e sempre se
repetirão, independente de nós ou de nossas vontades. Assim como o silêncio.
Assim como nossos passos errados, as decepções, as fugas, as esperanças, as dores, os
abraços, as despedidas. Assim como sempre serão as minhas raras e breves
alegrias. Feliz ano Novo!
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