segunda-feira, 6 de julho de 2020

Quando não souber o que fazer


"A parte que ignoramos é muito maior
que tudo quanto sabemos."
_Platão_

Respire fundo e tente ver a situação de fora, neutralizando qualquer sentimento. Ninguém é perfeito, então abandone a ideia de uma relação assim, seja ela qual for. Quando não souber o que fazer, elogie, mas com sinceridade. Esteja por perto, é seu colo que ela vai querer, seja pra descansar ou chorar. Não tenha medo de qualquer coisa que esteja além de vocês dois, fatores externos sempre existirão e terão que lidar com isso. Quando não souber o que fazer, veja um filme ou uma série, é incrível o que você pode aprender com eles. Abrace-a do nada, não espere por motivos. Quando não souber o que fazer, faça um chá e admire a lua. Evitem segredos e mentiras, isso vai corroer o sentimento aos poucos. Se interesse por ela e seu dia. Ela é a sua pessoa, provavelmente a única com quem você pode ser você mesmo. Aproveite, isso é raro. Quando não souber o que fazer, chame pra conversar, não há nada mais esclarecedor. Deduções nunca plantaram boas sementes. Se ela é a primeira pessoa que você pensa quando acaba de acontecer algo bom e quer contar, isso é um sinal. Se te arrepia com facilidade, é outro forte sinal. Quando não souber o que fazer, roube um beijo, as reações são quase tão boas quanto o próprio beijo. Quando não souber o que fazer, mande uma mensagem contando como ela a faz sentir e a falta que faz. Orgulho é veneno, que mata aos poucos e te deixa distante das alegrias. Ninguém é perfeito, lembra? Pra ser feliz é preciso arriscar e, inevitavelmente, vai doer, às vezes. As melhores experiências vêm acompanhadas de alguns arranhões. E tudo bem.
Não há quem pare duas pessoas comprometidas em serem felizes e crescerem juntas. Elas se apoiam, se cuidam e não desistem à toa. Quando não souber o que fazer, tome um banho quente, com música e tudo mais que tiver direito. Acaricie um animal, fará um bem danado para ambos.
Quando não souber o que fazer, dê uma pausa, procure um lugar silencioso, feche os olhos, respire calmamente. Às vezes, a resposta que você precisa pulsa no seu coração. Ouça.

sábado, 23 de maio de 2020

Sabor de despedida... ou não


Sorte?! Não era das coisas mais presentes na vida de Diana. Sorte no amor, então? Melhor mudarmos de assunto. Mas espera aí! Quem nunca teve ou foi uma decepção amorosa? Está bem, não se pode negar que Diana tinha o “hábito” de colecionar complicações na vida. Por quê? Não sei, meu palpite é que o roteirista da vida dela era metade ironia, metade sarcasmo.
Noite fria, largada na poltrona velha e desbotada, Diana assistia vários canais ao mesmo tempo pra tentar focar em algo menos bagunçado que seus pensamentos. Sem sucesso, ia desligando a  TV quando uma frase de um anúncio de sei lá o que chamou sua atenção: “Se te faz sorrir e não sai da sua cabeça, não desista”. Ela sorri, debochadamente, desliga a TV e vai para o quarto. 
Deita e … pára tudo! Ela não tinha mais nada a perder. “Dane-se!”, falou em voz alta. Pegou uma folha de caderno e escreveu devagar, caprichando na letra:
“Sei que errei muito, mas você nunca entendeu ou soube dos motivos das minhas escolhas. Não tem que me perdoar, mas posso pedir um último beijo? Te espero onde foi o nosso primeiro beijo, no dia do meu aniversário. É o único presente que quero. Prometo nunca mais te procurar.”
Fechou os olhos, tomando coragem. Se deixasse para amanhã, provavelmente a coragem já terá se diluído em seu medo. Pulou da cama e, sem pensar duas vezes, colocou o bilhete do bolso do casaco e foi andando pela rua, tão escura e deserta quanto estava seu coração. Chegou e ficou olhando aquela janela onde passava na frente pelo menos uma vez na semana sem saber o porquê do masoquismo. Coração acelerou, mas controlou a vontade de entrar pelo portão  gritando clichês bregas românticos. Colocou o bilhete na caixa de correio e, contrariando sua vontade de ficar, foi embora. Provavelmente não conseguirá dormir hoje. Seu aniversário, que ia passar em branco, já é na próxima semana e agora iria marcar sua vida. Não que ela tivesse esperança de receber seu ”presente”, mas se acontecesse… ah, se acontecesse.
Como era esperado Diana não conseguiu dormir e se recusava a voltar para a TV. Ela já tinha feito estrago demais. Se obrigou a tomar remédios para dormir,  pois tinha que trabalhar cedo, mesmo sem um pingo de vontade.
Acordou atrasada, só vestiu a roupa, escovou os dentes e correu para o trabalho. Sentada na da sua mesa, ela se lembra, por um minuto, da noite passada, com aquela sensação de que foi um sonho. E, no minuto seguinte, cai na real, foi mais real do que ela gostaria.
Ficou na dúvida se se matava naquele momento ou esperava a hora do almoço. Mas acabou usando a hora do intervalo para tentar desfazer a besteira. Tentou pegar o bilhete da caixa de correio mas parecia não ter mais nada ali. “Quem é que acorda cedo pra pegar cartas?”, resmunga baixinho. Com a cabeça mais congestionada do que antes volta para o trabalho mas não consegue se concentrar. Às 18h bateu seu cartão-ponto e voltou para casa, quase no automático. Podia ouvir a sonoplastia fúnebre de fundo. 
Os dias passaram tão rápido, parecia que o universo conspirava para celebrar seu aniversário.”E se eu não aparecer? …”, e assim, aflita, foi a véspera do seu aniversário,  fazendo mil perguntas que ela mesma respondia sem muita convicção.
Mal abriu os olhos de manhã e seu coração parecia que ia sair pela boca. Chegou o dia. E agora? Se ela tivesse um controle remoto da vida, com certeza iria acelerar até o dia seguinte.  Mas, infelizmente, a tecnologia não avançou tanto assim.
O dia de trabalho nunca passou tão rápido. Foi pra casa, tomou seu banho e ficou um bom tempo se olhando no espelho, esperando uma resposta de si mesma.
O local parecia vazio. “Que ótimo! Não vai abrir hoje!”, pensou, aliviada e entusiasmada com o destino. Abre-se a porta preta e sai um homem, que acende seu cigarro, olha pra ela e sorri: “Chegou cedo, hein?! Fica tranquila que vamos abrir em 15 minutos”. E assim nasceu o sorriso mais amarelo da história. Diana entra, seguida de um grupo de amigos, a música já está tocando. Não que isso a acalmaria, mas ela desejava, fortemente, um atentado terrorista naquele lugar. Era uma mistura de ansiedade, medo, vergonha e... “o atentado não vai acontecer mesmo?”. Já estava na sua terceira dose. Vai que o coma alcoólico fosse vantagem dessa vez e a salvasse, já que os terroristas estavam atrasados?
As horas passavam e mais copos iam, rapidamente, ficando vazios. Mas como de costume, começa a tocar aquela música pra desestabilizar mais ainda o psicológico de Diana. Ela nem conseguiu se recuperar da música quando entrou, com a roupa mais provocante possível, preta, e o perfume que chegou segundos  antes do último capítulo dessa tragédia. “Que bom, já veio de preto, para o meu funeral.”, pensou, segundos antes de se dar conta que quase não sentia seus membros. Enquanto estava vendo a tragédia se aproximando em câmera lenta, planejava como iria se desculpar por tudo aquilo. Obviamente, não deu tempo, Marina, séria, parou em sua frente, silêncio constrangedor.
Devido a música alta, Marina se aproxima e fala bem próximo de do ouvido de Diana:
- Eu não me importo de dar seu presente de aniversário, se me prometer que não será o último.

E o que parecia estar perdido, recomeça, uma história que poderia ser com você, com seu vizinho, com sua prima, ou qualquer pessoa que, por um segundo, resolveu sonhar.

sábado, 2 de maio de 2020

.Game . Over.


Sempre tem aquela fase que você não consegue passar, por mais pontos que faça. O vilão é sempre invencível, até que você o vença. Será que somos tão vítimas das situações como contamos? Já parou pra pensar que se não tivesse dado aquele passo nada disso teria acontecido? Se, simplesmente, apagasse aquele dia? Talvez, tudo comece a ficar com o peso igual, ou pelo menos um certo equilíbrio entre os erros e os acertos. Sim, tiveram acertos, todas as vezes que houve verdade, sinceridade, preocupação com o outro, não só com si. Eu acredito naquela história que ninguém conhece alguém por acaso, assim como quando se reencontram. 
Mas o que você fez nesse intervalo? Quem se tornou? Não quem é de fato, mas essa pessoa que aparece na vitrine, que você molda conforme lhe convém. Não sei se é isso mesmo que quer ser, mas sei que não é o que eu quero pra mim. Ou está mentindo pra mim ou pra você mesma. E tudo bem, essa onda já passou, chega a ser mágico como o mar que desmancha a escultura de areia. E isso alivia a alma. Não sou ninguém pra dizer o que é certo ou errado, apenas não quero. O tempo está passando e preciso ir. Sinto, nesse momento, uma paz na qual me envolvo daqui pra frente. Ciclo finalizado, como deveria ter sido há muito tempo. Só vejo coisas boas pra todos nessa história, e, quem sabe, um reencontro futuro em um shopping, no teatro ou no parquinho onde nossos filhos se conheçam e brinquem juntos. Ou num parque onde vamos beber e rir disso tudo. Rir, é isso que desejo pra nós.
Sorrindo, aceno, viro-me e vou embora mais madura, com a tranquilidade de não ter sido eu que não teve coragem de ser feliz.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Amor (im)Próprio



“Só se cura um amor com outro amor. E ele se chama amor próprio”.


       Ela não aguentava mais ficar ali, no escuro e sem perspectivas de nada, por mais amor que tivesse. Ela saiu a pouco tempo daquela caverna que um dia a fez muito bem, ou achava que fazia. Ela sente falta todos os dias, mas tem medo de voltar. Por mais que a caverna a tenha protegido muitas vezes, tenha sido seu colo e seu lar por anos. Ela tem um sentimento ímpar e infinito por aquele lugar, mas não gosta de como estava se sentindo lá. Tem boas lembranças que ficarão pra sempre dentro dela, as quais são sempre lembradas com um leve sorriso. A garota tenta não passar perto da caverna, pois as últimas vezes ela não resistiu e entrou, cuidou, reviveu, amou cada centímetro daquelas paredes. Não percebeu o tempo passar, de repente, estava quase tudo escuro. O pânico a tirou de lá, correndo, chorando. Suspirou aliviada quando tomou distância suficiente, mas ainda sim, querendo olhar para trás. Ela sempre promete não voltar para perto dali e, quando percebe já está bem próxima, como se algo a puxasse sempre. Era algo bom, seguro, doce, alegre, encorajador, protetor e, ao mesmo tempo, nada disso.

      Ela não acreditava nisso, mas depois foi obrigada a admitir o que ouviu uma vez: Tudo que fazem com você, é porque você mesmo permite. Se te machuca, não deixe, mesmo que doa se afastar, mesmo que qualquer coisa. Entre salvar você e o outro, se priorize, afinal, ninguém no seu lugar vai escolher alguém que não seja ele mesmo. Quando puder salvar o outro sem arriscar sua própria vida, faça-o. Quando for realmente amor, que seja merecido, e não imposto. Que seja dividido, e não cobrado. Que seja cuidado, e não sacrificado.
      A garota construiria seu castelo naquela caverna. Porém, sempre passam furacões por ali, além de se sentir amarrada constantemente, sem saber o motivo. Por mais aconchegante que fosse, estar lá dentro significava sacrifício, que causam machucados, cujas cascas sempre eram arrancadas pelas paredes ásperas. Como a caverna ainda exercia uma influência forte, mesmo a menina não estando mais lá dentro, foi preciso ir pra longe, mesmo querendo ficar.  Um “adeus” com gosto de “até breve”. Foi, é, e continuará sendo condenada pelo crime de escolher o que é melhor pra ela. Queria que fosse diferente, então descobriu que só querer não é poder... nem por amor.


quarta-feira, 8 de maio de 2019

Transborda-me




Já conheceu alguém que, quando olhou pela primeira vez em seus olhos, algo aconteceu dentro de você? Mesmo que não tenha percebido naquele mesmo instante, mas soube que ela havia alterado alguma coisa nas batidas do seu coração.
Não importa como esteja o ar a sua volta, tudo se torna magicamente colorido. Sonhos, desejos e sorrisos bobos passam a te acompanhar, muitas vezes sem você nem perceber.
É como se não conseguisse fugir, se pega inventando desculpas para estar perto. E estar diante dela já é incrível. As coincidências se tornam frequentes. O toque é diferente de qualquer outro. O beijo é único. O abraço te inunda de algo que nem existe palavras pra definir. É inevitável não planejar sua presença nos passeios mais improváveis. 
Mas como tudo, não é fácil, óbvio e com receita pronta pra florescer. Ás vezes, é algo tão forte que se embaraça, sendo preciso tempo e distâncias para desfazer os nós. Para então, a linha fazer novos desenhos e histórias, percorrendo e pulsando por todo corpo, por todas as dádivas que nos aguardam, logo ali. Nesse momento, a felicidade transborda, e fica desejo de parar a vida naquele instante, nem que seja pra ter mais tempo de guardar todos os detalhes dentro de si, antes que o vento a leve, de novo, pra longe. Estarei esperando a próxima primavera pra, com sorte, sentir tudo isso novamente, estonteante e intensamente.

sábado, 13 de abril de 2019

Como?



Como é olhar nos meus olhos e ver todos os meus desejos e dores? Como é tocar alguém que se arrepia só com a sua respiração? Como é não conseguir olhar nos meus olhos por mais de 5 segundos? Como é beijar alguém e latejar o corpo todo? O que sente? O que pensa? Como é sorrir no meio do dia por uma lembrança? Como é me ver num dia comum e imaginar meu corpo entre o seu e a parede? Como pode meu beijo ser na boca mas, ao mesmo tempo ele percorre você inteira? E quando nossos olhares se cruzam sem querer e o calor toma conta do corpo todo? E quando você olha pra minha boca, sem dar a menor atenção para as palavras e viaja nos meus lábios da forma mais sacana possível? Como é ver meu ombro de fora e se imaginar nua, colada em mim? Como é sentir você estremecer com um único músculo? Saboreio-te com os olhos sem ninguém perceber. Como é ter você em cada fragmento meu e não poder te tocar? Como é acordar e dormir pensando em você? Como faz quando sinto o seu cheiro no ar e não posso sentir seu gosto? Como acordar e seu rosto ser a primeira obra de arte que desejo ver? E quando sonho com você e acordo sem você? Como é, no meio do nosso amor, eu acordar na escuridão da minha solidão? Como é não saber se vou sentir seus lábios novamente? Como é passar na frente da janela só pra saber se está lá? Como te ver e não sonhar? Como é sentir o seu perfume e não poder beijar cada curva do seu corpo? E como, por favor, me diz como não desabar com seu sorriso? 

Como é? Se souber de algo, não me conte, me faça sentir! Me faça sua!



Daphne Garcez

segunda-feira, 19 de março de 2018

Paz e Amor (?)

Amor, Paz, Ame, Vermelho, União, Romance, Sentimentos

"Não encontramos a paz no amor que as pessoas podem sentir por nós, mas no amor que podemos sentir pelas pessoas."
Juahrez Alves


A pessoa certa é aquela que fica? Ou aquela que faz o que é melhor para os dois ou pra você? Até onde vale a pena se matar aos poucos por alguém? O que é certo e errado? Isso é errado? Se você sabe o que tem que fazer, não faz por quê? É amor mesmo?

Andava distraída com esses pensamentos confusos e, simplesmente, me vi presa a uma teia de aranha, onde parecia ser o lugar perfeito. Ah... Desculpe as desilusões, mas a perfeição não existe. Quanto mais tento sair, mais presa e cansada fico. Eu só fico ali, não me alimento, nem de comida nem de sonhos. Vou vivendo ali, até secar por completo. Prefiro morrer a matar.

Vou definhando por aqui e, até que alguém me prove que amor e paz podem andar juntos, eu não quero amor nenhum.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Nosso Castelo




     Hoje eu encontrei onde vou morar. Já trilhei meus planos e os detalhes de como tudo vai acontecer. Sem prender nem contar com ninguém, vou construir meu castelo silenciosamente. Se eu contar vai me dizer: “Nossa, parece coisa de filme!”, ou “Você está vendo muito novela”. Eu fico com primeira opção. Primeiro, porque eu não assisto novela. E depois, os filmes nada mais são do que a realidade filmada e editada. 
      Pode parecer loucura. E também não me importo, nunca disse que eu era normal.  Vou sozinha, mas confiante. O que eu senti quando imaginei um momento X, me foi o suficiente para colocar em prática. E quando sinto, é tão mágico que me inspira. Vou trabalhando os maus hábitos que não vão combinar com o que me espera. Talvez eu seja o Príncipe que cai do cavalo no clímax da história. Mas vou embarcar nisso, pois sei que vale a pena, pelo sorriso que vi. As visões que tive na minha casa nova não têm preço. Dizem que quando a gente quer muito, de verdade, com pensamento forte as coisas acontecem. Por agora não tenho muito mais o que falar, preciso começar logo, pois meu castelo me espera. Esse é o prólogo de uma história muito linda que teima em não morrer. E com esse castelo, muitas outras coisas virão. Em breve volto aqui pra te contar. Ou te levarei lá. Muito em breve...

domingo, 5 de março de 2017

Metamorfose



    Aquele momento que você parece um CD e tem uma faixa no repeat, incansavelmente. Mas não é da sua música favorita. Só não volto pra faixa anterior porque não sobreviveria mais uma vez. E mesmo que não queira, mesmo que doa, mesmo que vá sentir falta, é preciso ir à diante. É preciso voar até se encontrar. Não posso me acostumar com a dor, por maior que seja o amor. 
  Não se pode correr uma maratona de perna quebrada. Todo machucado precisa cicatrizar, pra não doer mais depois, ou machucar quem não tem nada a ver com suas dores. Esse processo é muito individual, mas depende mais de você mesmo. Cada um sabe onde e quanto dói, então pressão nenhuma vai acelerar o processo, pelo contrário. Mude. Alguma coisa tem que mudar, nem que seja mudar de cidade. Vai! E se der medo, vai com medo mesmo. O máximo que vai acontecer são novas histórias, novos desafios, novas oportunidades. Enquanto isso, desejo que seja feliz, desejo abraços que te acalmem, cafunés, sorrisos. Eu quero e preciso, desesperadamente, me encantar pela vida novamente. Talvez, sem querer, a gente se esbarre lá na frente, curadas, mais maduras, com os corações inteiros, e prontas para enfrentar o que for, lado a lado.

    Se você quebrar o casulo antes da hora, a borboleta não conseguirá voar, e pode nem sobreviver. Ela precisa do tempo dela. E, se você souber esperar, verá quão lindas serão suas asas colorindo ainda mais o seu jardim. De repente, sem querer, depois de voar por aí, entre tantas coisas, a gente decida pousar no mesmo lugar. Mas, por hora, o melhor é voar pra longe.

sábado, 2 de abril de 2016

Aqui jaz...

"Confesso, matei alguns sentimentos por aí… Mas foi em legítima defesa!"


    Vai ver eu nunca estive inteira mesmo. Vai ver eu fui tão estraçalhada que nem minha boa vontade e os farrapos do meu coração foram suficientes. Taí, hoje não sou suficiente pra nada nem ninguém, nem pra mim mesma. Não confio em ninguém, pois sei onde isso vai dar: Em suas palavras sendo usadas contra você mesmo junto com tudo de pior que podiam vir de alguém que ama. O mal estar é recíproco, porém, de natureza diferente. Cobranças e julgamentos banhados à crueldade, pois quanto mais machucar melhor. É como cobrar de um acidentado que perder as pernas a promessa de anos atrás de correr no parque com você.
    Pra que se esticar tanto? Pra que insistir tanto tempo e esforço no amor? Pra que forçar algo que só machuca e decepciona mais os dois lados? Porque é da inevitável e desumana natureza humana. Se tivessem se conformado e acabado lá atrás, no primeiro ponto final, este não teria virado a primeira vírgula de muitas que viriam – pontudas e cortantes. Amor? Muito fácil de confundir com outras coisas, até com amor por si mesmo e só. Quem dera conseguir desamassar o coração como se desamassa um papel e poder dar-lhe a quem merece. Enquanto você perde seu tempo tentando me machucar mais, eu vou tentando me curar de você.
    Contrariando os poetas, o amor acaba sim. Não querendo parecer radical ou contra conto de fadas, mas essa é uma verdade que a maioria ignora. Difícil de aceitar, ainda mais se espera isso por tanto tempo. Difícil organizar as gavetas, se acostumar com o silêncio e com todo o resto que não se tem mais. Calma, isso não é de todo ruim, não. Se não acabasse as pessoas não teriam outras chances de serem felizes, de acertar o que erraram no passado. Não tem como concertar o que já foi, muito menos viver em paz com o passado no bolso. Alguns amores não acabam e sim, se transformam em amizade, amor fraternal e até amor incondicional. Fora que as pessoas mudam, assim como seus planos, desejos e gostos.
    Então, o que posso te desejar é sorte. Sorte de encontrar alguém inteiro como você, que queira o mesmo que você, no mesmo momento que você. Sem a menor possibilidade desse alguém te destruir em milhões de pedaços pra depois voltar mudado e te julgar por você ter se tornado aquilo que ele mesmo criou. Fazendo-te se sentir a pior pessoa do mundo, te fazer acreditar que a culpada é você por não saber amar, por não fazer o que ele espera que faça, ... por você ter morrido tentando amar da forma mais pura e inocente que jamais amou. De fato, a culpa é minha por ter amado demais e me jogado de cima do prédio só pra viver tudo aquilo que pulsava dentro de mim, mesmo sabendo que não viveria muito. Suicídio? Não.... eu só queria amar até morrer de amor, e assim foi.