"Quem sonha de dia
tem consciência de muitas coisas que escapam
a quem sonha
só de noite."
Edgar Allan
Poe
Eu deveria estar fazendo tantas outras coisas, mas
não. Estou aqui, entre os nós dos meus pensamentos novamente. Revivendo
momentos, imaginando outros. Sinto você, seus olhos misteriosos, suas mãos. Sinto
sua respiração seguida do seu suspiro carregado de incógnitas. Meus dedos que
deslizam lentamente em seus cabelos − que acabo puxando levemente como reflexo
da minha sede de você. Minha mão que, quase sem encostar, passeia acariciando
sua pele. Meu lábios e meus dentes disputam o sabor do seu pescoço. Alguns
segundos de silêncio quando minha boca pára na frente da sua. Mas que logo te
faz desistir das armaduras e se entrega com a mesma adrenalina de alguém que se
joga do último andar. E ali resolvemos todas as nossas diferenças, esquecemos
tudo que nos separa e nossos corpos confessam um ao outro o que calamos quando
nos cruzamos na rua. Observo cada detalhe do teu rosto enquanto adormece nos
meus braços com o suave sorriso mais bonito que já vi.
Num impacto o despertador quebra tudo. Sento na
cama e fico estática por alguns segundos tentando me localizar. Lembro de tudo
que (re)vivi e inevitavelmente sorrio. Levanto disposta, cantando, pois o dia
já começou feliz. Acordei em ótima companhia. Bom dia!
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