sábado, 14 de julho de 2012

Uma Vez


"Vontade: impulso cego, escuro e vigoroso, sem justiça nem sentido."
Arthur Schopenhauer


    Não sei mais o que é real ou não. Mergulhei tão fundo em minhas insanidades que já não diferencio as pessoas, os sentimentos e desejos. Me pego fixa no horizonte buscando respostas que não virão, pois elas estão do lado de dentro. Do meu dentro e não do seu. E mesmo assim eu insisto em procurar em seus olhos e ficar neles até que não se possa mais. Sem falar nas vezes que vira as costas sem olhar pra trás me levando o ar, o devolvendo só no próximo encontro. E eu levo sempre partículas de você pra onde eu vá, as quais circulam sem controle pelos meus dias, pensamentos, meu querer.
     Podia ter uma vez que fosse diferente. Uma só. Uma vez que você não fosse embora. Uma vez que pudesse acariciar seus cabelos até adormecer. Que pudesse dar aquele abraço apertado sem pressa. Que pudesse escorregar lentamente o sempre beijo na bochecha até seus lábios. Uma vez que pudesse te fazer sentir a pessoa mais amada do mundo. Que pudesse deslizar toda essa vontade por cada centímetro do seu corpo. Uma vez que pudesse apreciar seu primeiro sorriso pela manhã. Uma vez que não exige, nem de longe, se preocupar ou cobrar o amanhã. Uma vez que pudesse deitar ao seu lado e conversar por horas. Uma vez pra pensar em você ao longo do dia guiada não só pela vontade óbvia, mas principalmente, pela saudade.

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