terça-feira, 2 de outubro de 2012

Nem Sempre...

  


    “Em frente!”. A gente sempre segue, apesar de tudo. Ignora as dores, pula as poças de dificuldades, desvia dos “não’s” que a vida nos dá. Se fecha, se esconde, e assim parece ser o melhor a se fazer. É uma espécie de solidão no meio da multidão. É a alma estar anestesiada todos os dias. E essa anestesia dissolve seus objetivos de vida, seus sonhos, suas relações, você. São belas as palavras de força e otimismo, mas infelizmente a complexidade do que me afunda a cada dia vai mais além. E por mais forte que eu seja, chega um dia que não se consegue mais ter forças – por mais que ainda queira – de continuar lutando. Um “não” atrás do outro. Os problemas se multiplicando. As portas sempre se fechando e as janelas com cadeados cujas chaves são inexistentes. E não falo de semanas ou meses. Depois de anos você acaba cansando de correr na esteira. Chega o dia que, por mais amor que tenha por algumas pessoas a sua volta, por mais que se importe com elas, desistir parece ser a única opção. Egoísmo, covardia, você diria. É a frase clichê para quem está de fora e muito distante de entender. Pra esses eu sugeriria – a título de curiosidade – uma semana sentindo tudo que sinto, com todos os problemas, preocupações, receios, inseguranças, faltas e, claro, com toda vivacidade da memória de todas as dores e suas cicatrizes. Não digo que minhas dores são maiores ou mais importantes que as do outro. São apenas diferentes. O que dói mais em mim pode não ser nada para o vizinho do lado.
      Família. Esse é o poço seco do meu jardim morto. É um ter inexistente. Sinto falta dos almoços de domingo. De chegar em casa, cansada e, pacientemente, ouvir como foi o dia da mãe. De pegar a irmãzinha na escola, surpreendendo-a com um sorvete para ficar mais inteligente na hora quem formos fazer a lição de casa juntas. No sábado ouvir, como se fosse a primeira vez, sua vó contando aquela estória de quando você tinha 8 anos. De levar o pai no médico. De enfrentar o medo de agulha pra doar sangue para a mãe que está internada. De passeios bobos com a família no final de semana. De passar dias planejando a festa surpresa para a mãe. Deixar um compromisso de lado pra ficar com sua irmã que ainda tem medo de dormir sozinha. De chorar no colo da mãe.
Todos os problemas outros não me afetaram tanto quando tinha uma “família”. E assim cheguei à conclusão que as pessoas são sim, mais importantes do que qualquer coisa pra mim. E talvez por isso não entenda – e também não julgo – quando alguns tratam pessoas como objeto, escada, ‘descarrego’ de frustrações e/ou mau humor, ou qualquer outra coisa que não como p-e-s-s-o-a. Não vou dizer que nunca me revoltei, que não tive fases que, por pura mágoa e indignação, odiei pessoas de um modo geral. Mas o lado bom é que não são todas iguais. Se você cruzou com pessoas que não souberam te amar ontem, não significa que não terão pessoas que te surpreenderão amanhã.
      É o momento que acaba de assistir um filme magicamente lindo – com direito a um final feliz dos sonhos – e nos créditos a realidade, cruelmente, te trás de volta. E lembro que existem todas aquelas outras coisas. E que nem sempre se consegue aproveitar as oportunidades – muitas vezes únicas. Nem sempre as pessoas falam a verdade. Que nem sempre amar é bom e basta. Que nem sempre vai ter forças pra sair da cama. Nem sempre vai chegar a tempo. Que vai ter alguém do seu lado pra segurar sua mão e te ajudar a levantar dos tombos. Que nem sempre as pessoas vão ficar esperando por você. Nem sempre vai ser tratada como merece. Que seus amigos vão conseguir ou poder aliviar sua dor. Que nem sempre vai conseguir evitar magoar alguém. Que nem sempre vai conseguir vencer. Nem sempre as pessoas que mais ama serão as mesmas que te darão as maiores alegrias. Que nem sempre falar tudo o que se pensa é o ideal. Nem sempre vão se preocupar em não te machucar. Que vai conseguir fazer tudo que deseja. Que nem sempre as pessoas não são pra sempre. Nem sempre vai saber lhe dar com a situação. Que nem sempre vai conseguir ser tudo que alguém sonhou. Nem sempre vai conseguir preencher seus vazios. Que vai poder ajudar quem precisa de você. Nem sempre sorriso é felicidade. Que nem sempre omitir pra não magoar é a melhor opção. Que vai conseguir segurar as lágrimas. Nem sempre terá as respostas. Que nem sempre vai conseguir fugir. Que nem sempre resolve fugir. Nem sempre será correspondido. Que nem sempre chocolate vai substituir. Que nem sempre os outros vão te entender. Que nem sempre seus conselhos são os melhores. Que nem sempre seguir o conselho dos outros é a solução. Nem sempre o papai Noel vai te trazer presentes. Que nem sempre ficar com uma pessoa ajuda a esquecer da outra. Que nem sempre pedir desculpas resolve. Quem nem sempre sair fazendo tudo que você acha errado por raiva vai atingir seu objetivo. Nem sempre vai conseguir ficar perto de quem ama. Que nem sempre o que parece ser o fim do mundo é de fato. Que nem sempre um “adeus” é pra sempre. Nem sempre vai acertar. Que nem sempre beber até não aguentar mais vai aliviar suas mágoas. Que nem sempre o que você quer é o melhor pra você. Nem sempre “eu te amo” te traz alegrias. Nem sempre o que espera vai chegar. Que nem sempre vai ser feliz.

domingo, 16 de setembro de 2012

Abstinência




  
    Agonia quando falta. Ansiedade nas esperas. Desespero de querer estar perto. Sem ação quando junto. Vontade estrangulada de simplesmente te acariciar o rosto. Desejo mudo, por dentro eu grito esse querer até ficar sem voz. Desarma-me com um simples olhar a mais no fundo dos olhos. Abstinência de você. Vários planos adaptados ou até desfeitos apenas pra poder estar junto. Desculpas sem fundamento algum pra poder ter mais um pouco de você. Não fique muito longe, dói. Às vezes incomoda muito te querer tanto a ponto de pensar em mudar muitas coisas em mim e na minha vida só para te ter nela.
   Cuidar com cada movimento, olhar ou palavra quando na verdade queria apenas cuidar da sua felicidade. E acredite, ela estaria em boas mãos. Mágoa ou tristeza alguma ousaria te visitar e, se em último caso vier, daria com a cara na porta e ainda ouviria nossas gargalhadas ecoando pela sala.
   Com você do lado não tenho medo de nada. E adoraria ser também a sua coragem, sua força, sua alegria,... Sua. Se teu beijo for tão irresistível quanto sua companhia, eu não precisarei de mais nada.

Escrito nos primeiros dias de junho de 2012.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Fragmentos de Você



   Assustador o exato momento que tive certeza que te queria. Já sabia tanto de você e acabei encontrando mais coisas em comum do que poderia existir. E a gente foge e nega até não conseguir mais, claro! Tenta deixar tudo como está por inúmeras razões. Acaba se rendendo ao melhor abraço do mundo. As loucuras e ousadias ficam presas aos pensamentos que insistem em te tirar o fôlego em questão de segundos. Um pedaço descoberto da sua pele é o suficiente para eu mergulhar em você a ponto de sentir seu gosto. Estar muito próxima, filtrando com o olhar todas as vontades está sendo cada vez mais difícil.  Na sua presença ou não, domar os pensamentos tem sido impossível. A imagem na penumbra dos seus olhos sorrindo a menos de um palmo dos meus. O alucinante deslizar por cada centímetro seu. As palavras finalmente verbalizadas, sussurradas. O leve puxar pela cintura pra unir seu desejo com o meu. A vontade de você, cuja força poderia parar o tempo naquela madrugada – e parou. Ouvir seus gemidos como um tango que ecoava por todo o quarto. O beijo quase que em câmera lenta orquestrava todo o restante. O arrepio que passa por mim ao lembrar cada uma dessas cenas, barrado pelos olhos fechados para mantê-lo ali, do lado de dentro – onde nasceu, cresceu e viverá até onde for permitida a sua existência. Não falemos no amanhã com suas cobranças, receios, regras e seu “certo ou errado”. O agora está exigindo atenção, e está tão sedento de nós como eu de você!

domingo, 22 de julho de 2012

Momentos



   Momentos de descontração. De conversa séria. De bronca por não se cuidar como deveria. De lembrar espontaneamente de você no meio do dia. Momentos de cuidado e preocupação – muitas vezes excessiva. De “conversar” sem conseguir prestar a menor atenção no que está falando – podendo até começar a falar em outra língua que eu continuaria entretida em você. Momento de querer mandar uma mensagem de madrugada só pra você sorrir antes de dormir. De esconder o ciúme para não parecer boba e insegura demais. Momentos únicos por si só. De olhar um objeto ou roupa e te imaginar nela. Momento que deveria extravasar embriagada com os amigos e se pegar sentindo sua falta. De ficar sem graça com alguma situação específica, tentando rapidamente mudar de assunto. De planejar uma surpresa com toda empolgação do mundo, mas faltando coragem pra concluí-la. Momentos que o coração fica apertado de ver suas lágrimas e não poder fazer absolutamente nada além de te abraçar. Momentos de irritação contida quando fala de outra pessoa com interesse. De querer só te deitar no colo e fazer cafuné até você adormecer. De fingir que não estou te olhando quando na verdade estou atenta a cada palavra, a cada movimento seu. De ficar sem fazer nada, mas ao seu lado. Momentos de quase – quase mesmo –, em um instante improvável, falar tudo isso olhando nos seus olhos.
   Momentos que me vem uma vontade desesperada de fugir, correr na direção oposta sem volta, sem olhar pra trás. Então, lentamente, diminuo a velocidade até parar e me lembro de que estou me afastando do que verdadeiramente me faz bem, apesar de tudo.

sábado, 14 de julho de 2012

Uma Vez


"Vontade: impulso cego, escuro e vigoroso, sem justiça nem sentido."
Arthur Schopenhauer


    Não sei mais o que é real ou não. Mergulhei tão fundo em minhas insanidades que já não diferencio as pessoas, os sentimentos e desejos. Me pego fixa no horizonte buscando respostas que não virão, pois elas estão do lado de dentro. Do meu dentro e não do seu. E mesmo assim eu insisto em procurar em seus olhos e ficar neles até que não se possa mais. Sem falar nas vezes que vira as costas sem olhar pra trás me levando o ar, o devolvendo só no próximo encontro. E eu levo sempre partículas de você pra onde eu vá, as quais circulam sem controle pelos meus dias, pensamentos, meu querer.
     Podia ter uma vez que fosse diferente. Uma só. Uma vez que você não fosse embora. Uma vez que pudesse acariciar seus cabelos até adormecer. Que pudesse dar aquele abraço apertado sem pressa. Que pudesse escorregar lentamente o sempre beijo na bochecha até seus lábios. Uma vez que pudesse te fazer sentir a pessoa mais amada do mundo. Que pudesse deslizar toda essa vontade por cada centímetro do seu corpo. Uma vez que pudesse apreciar seu primeiro sorriso pela manhã. Uma vez que não exige, nem de longe, se preocupar ou cobrar o amanhã. Uma vez que pudesse deitar ao seu lado e conversar por horas. Uma vez pra pensar em você ao longo do dia guiada não só pela vontade óbvia, mas principalmente, pela saudade.

sábado, 30 de junho de 2012

Vulnerável


"Eu não quero promessas. 
Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos."
Tati Bernardi

  Vivendo em uma velocidade razoável sem prestar muita atenção no relógio. Correria dos dias, problemas, uma pitada de social, momentos bons, outros nem tanto, quando você acorda e vê o que realmente está acontecendo. Uma simples frase faz mudar o modo de ver e sentir as situações. Por que quando tudo está caminhando bem aparece alguém pra lembrar o quão confuso você é? Eu vou voltar a ver tudo como eu via antes e pronto, tudo se resolve. E como se faz isso? De que forma voltar a ver uma pessoa como outra qualquer quando ela é que faz toda diferença? Vamos assumir que seja mais uma viagem errada levando em consideração a minha eterna inconstância. O que, na prática, não muda muito menos ajuda em nada. Estou realmente cansada desse meu jeito de me apegar como uma criança ansiosa e com medo. Eu tinha encontrado o botão que finalmente desligava a vulnerabilidade afetiva. Na última vez que fui verificar se estava funcionando ele quebrou, para o meu tormento, para o lado ON.
   Em meio às brincadeiras e assuntos bobos tento camuflar a instabilidade que provoca em mim. Uma irregularidade boa que chega a parar o tempo. E dizem que é transmissível, porém inofensivo. Basta encostar tua boca na minha.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Aflição do Vazio



    Dor. Não tem outra palavra que melhor se adapte. Como se estivesse rasgando a alma, queimando as células. Ardência em todos os poros. Todas essas sensações se juntando e me dando a impressão de que não vai parar mais. Sinto como se tivesse perdido um pedaço meu, que me impede o respirar – antes inconsciente hoje, sacrificante.
    Não basta você passear em todos os pensamentos que, vez em quando, parece o centro de São Paulo às 18 horas. Viro ansiosa pensando ter ouvido sua voz – não era. Na inércia da agitação sentir o seu perfume trazido por um desconhecido. A loucura me envolveu como um todo. A intensidade da dor é tão agressiva que faria tudo pra parar de me corroer. Tormento que ocupa o vazio que ficou. Você ainda ecoa dentro de cada batimento descompassado.
     Passei por cima de tantas coisas, inclusive de mim mesma. Lembranças me atormentam com uma frequência desumana. A minha cama já não aguenta mais a agitação do sono que não vem. O travesseiro chega a umedecer meus cabelos com minhas próprias lágrimas. Seria a pessoa mais feliz do mundo se alguém me dissesse: “Calma, garota, existe um botão que desliga tudo”.
     Não se pode culpar ninguém, fato. Sequência de falhas, confusões, medos e situações que não favoreceram, certamente. O doer vai mais fundo com o conflito dos desejos. O desespero do que é necessário contra o involuntário. Corro de um canto para o outro e não vejo saída alguma, por mais longe que eu vá. Eu não quero mais sentir! Nada mais me interessa! Só quero que isso pare! Me tirem daqui, por favor... enquanto o que restou de mim ainda consegue pedir socorro!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Possibilidades Vazias



   Não sei ao certo quem coordena o destino, mas podiam dar uma trégua uma vez ou outra. Momentos que, por mais não sejam o que você realmente espera deles, bastam. Engolir as palavras prontas a ultrapassar os dentes. Fingir que nada acontece. Possibilidades vazias por conta dos acasos e dos “se”s que permeiam sempre a razão. Pensamentos que já chegam com a tarja de censura. Agitados como peixes retirados da água mansa. “Reações químicas” em forma de sentimentos e sensações em constante conflito, oscilando, sussurrando. Uma intensidade quase desesperada que modela do lado de fora um sorriso compreensivo. Conversas sérias, engraçadas, brincadeiras... até virar a esquina, quando finalmente é permitido escorrer o sentimento que não pode ficar do lado de dentro.
 
Tem como andar ao lado e correr em direção contrária ao mesmo tempo?

   Corro! Corro sempre na direção que penso ser a correta. Paro pra tomar fôlego e sinto o vento tocando cada parte do corpo, arrepiando as vontades. Volto a correr na esperança de me livrar, mas quanto mais rápido corro, mais o vento me envolve, me corta, querendo me direcionar para o lado oposto. O lado que definitivamente queria estar. E se eu não posso ir, outros irão. E nada poderei fazer a não ser torcer que seja algo que te faça insuportavelmente bem (sempre), pelo simples fato de você não merecer menos que isso.

    Ainda guardo aquele “vale sorriso” que me faz sorrir por si só, lembrando do seu. Quando voltar à cidade vou cobrar... vários. Sim, vários! Tirei cópias daquele pra quando não aguentar mais não correr o risco de ficar sem minhas doses de você.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Sinceridade em pétalas de amor (verdadeiro)


 
 “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”,
mas assim como a flor, se abandonada ou mal cuidada, morre.
Aí, garoto, só na outra vida – sendo otimista.

    Não abandono ninguém. As pessoas é que me perdem aos poucos e quando se dão conta já é tarde demais. Não, não terá nem o direito de cobrar ou julgar minha decisão. Reflita sobre suas atitudes nos últimos meses antes de criticar as minhas das últimas 3 semanas. Já ouviu falar de ação e reação? É isso que liga seus meses nas minhas semanas. Eu que sempre me humilho finalizando os desentendimentos, dou sinal de vida pra você saber que ainda estou aqui esperando você lembrar disso. Já parou pra pensar que você pode não estar com a razão ao menos uma vez na vida? Cansei. Só. E só estaria, se não tivesse amigos, poucos, mas sempre presentes - pelo que sou, não pelo que posso proporcionar.
“Te amo” virou “bom dia”, dito no auge da alegria momentânea e em situações específicas. Se soubesse o que isso realmente significa teria vergonha de dizer se não o sentisse de verdade. Aliás, vergonha é outra singela característica rara, que me faz acreditar que atuam tão bem, dia após dia, que acabam acreditando em suas próprias mentiras – logo, não tem motivos de se ter vergonha. Seria uma justificativa lógica. E por que estou tentando achar lógica nesses tipos de pessoas? Ah, Sim! Porque tudo é muito óbvio, tudo tem um objetivo, pra não dizer, interesses – que são os recheios de todas as suas atitudes, declarações de afeto, etc. Enfim, aqueles que tentam agradar a todos estão longe de entender que só se conquista as pessoas pelo coração. Qualquer outro agrado é superficial, com data de validade estipulada: até o próximo agradar também, de forma maior ou futilmente diferente.
    Então tomei uma decisão: cuidarei melhor do meu jardim, tirarei - mesmo que isso acabe (mais) comigo - as flores belas só por fora e as que preferem estar no jardim ao lado. Porque só eu sei o gosto das suas ausências, a acidez do seu orgulho e a ardência do seu egoísmo. Vou sim me preocupar com cada pétala das flores que se preocupam comigo e fazê-las tão lindas, fortes e saudáveis que farão inveja a qualquer jardim das futilidades e pó de afetos. Prometi a mim mesma que não vou mais cobrar, pedir ou ficar correndo atrás pra ter as pessoas que gosto por perto. Eu cansei de amizades pela metade, de gostar sozinha. Se tiver interesse de estar ao meu lado, de fazer parte da minha vida, mostre, se faça presente! Se não tem, tudo bem, não ficarei com raiva e continuarei a te tratar com a mesma educação que trato todos os colegas e conhecidos – afinal, você escolhe a categoria que quer pertencer.
    Eu dou o mundo, faço sacrifícios, enfrento quem for preciso por pessoas que são importantes, cujas atitudes me dizem mais que qualquer declaração de companheirismo e amizade. Serão estas que terão minha eterna dedicação, fidelidade, carinho, proteção e o que mais elas quiserem e precisarem. Estou me proibindo de dar prioridade a qualquer um para quem eu seja apenas uma opção.
      Não me leve a mal, mas você, que me procura só quando interessa, faz um favor?
 Não me procure mais!

"Se sou amado,
quanto mais amado
mais correspondo ao amor.

Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
tem que ter reflexo."
                         Pablo Neruda

sexta-feira, 23 de março de 2012

Dias Eternos



E vem... Vem de mansinho te tirar novamente a estabilidade – se é que possui alguma. Eu odeio cigarro, mas parece tão bonito quando vejo, em câmera lenta, sua serenidade em meio a fumaça. É uma calma no sorriso que relaxa. Uma firmeza nas palavras que absorve minha atenção totalmente. Viajo nos seus discursos como quem ouve uma bela música tentando decorá-la. Palavras soltas, sem (conseguir) pensar, esbarrando no seu olhar que me atravessa, me tirando o pouco de ar que ainda restava nos pulmões. De longe observo todos os seus gestos, imaginando como seria o movimento dos seus lábios quando beija com intensidade. Como fica seu corpo quando colado em outro contra a parede. Como é... Não! Não vai embora ainda! Você sempre fica tão pouco. Posso não ter tanto a dizer como você, mas sei ouvir como ninguém. Já coloco minha mente a mil procurando uma desculpa para te encontrar novamente. Ansiedade sufocante me acompanhará até lá. Haja unhas inteiras, chocolates e atividades a fazer. Os outros eventos do dia que me perdoem, mas não posso não estar lá.
Chegou o dia, enfim! A sua beleza pode ser vista da esquina. Mas se me dá licença, prefiro ver de pertinho. Não por nada, mas uso óculos, sabe. Verdade! Conversas bobas na cozinha, risadas e um silêncio. Você se estica com dificuldade para pegar os copos do armário que estão logo atrás de mim, o que te traz tão perto que me faz esquecer até o que falava. “Quer que eu pegue os copos?” – indaguei sem piscar os olhos que permaneciam nos seus.
– “Só se a minha proximidade estiver te deixando incomodada.”
– “'Incômodo' definitivamente está longe de ser a palavra certa”.
E foi ali que senti a sua boca intensamente alucinógena, sem nem pensar nas consequências que estavam na sala ao lado. Faria de novo e de novo. E fizemos. Várias vezes no abraço da noite, nos cantos, nas brechas que tínhamos e com o cuidado que era preciso ter. Cuidamos tanto de nós que o que já era grande se tornou ainda maior. Mais abraços, mais carinho, mais desejo, mais amor. Laço inquebrável.
Não precisamos anunciar nosso amor nem temos a necessidade de mostrar nossa felicidade. Vivê-lo em segredo não diminui sua intensidade.
A paz de tudo que pensava e sentia ser confirmado, firmado. Os dias passando entre seus cabelos sem me preocupar com o calendário. Boa noite, meu bem. Dormirei logo, ansiosa, pois amanhã tem mais de você!